São Paulo numa tarde chuvosa
Janeiro é mês de fugir da chuva que aparece no fim da tarde. Aquela chuva típica de verão que pega quem só quer voltar para casa depois de um dia exaustivo de trabalho. Dia desses comecei a observar, da janela embaçada do ônibus, como a cidade muda de aparência e como a chuva dá espaço para outros personagens.
Reparei como as pessoas se espremem todas sob o toldo do ponto de ônibus e dos prédios, de um jeito que escapem da chuva forte por alguns minutos até seguirem seus caminhos. E tem também os vendedores ambulantes nas portas das estações do metrô vendendo guarda-chuva para aqueles que saíram de casa desprevenidos, como se surgissem junto com a chuva.
Com os guarda-chuvas coloridos, a cidade ganha novas cores. Rosas, vermelhos, azuis, pretos com bolinhas brancas, as cores do arco-íris, uma estampa divertida. O importante é se proteger da água e torcer para que não quebre e/ou vire ao contrário com o primeiro vento mais forte.
Dentro do ônibus, o chão fica molhado por causa da chuva que veio junto com as pessoas e seus guarda-chuvas recém-fechados e dos pés que, sem ter muito como desviar, pisaram em poças d’águas nas calçadas irregulares. As janelas são fechadas para que os passageiros não sintam os pingos no rosto que vêm com o vento.
E é claro que não poderia faltar o trânsito. São Paulo não existe sem o congestionamento do horário de pico mesmo nos dias normais e é só começar a chover que fica ainda pior e mais complicado. Tem alagamento em avenidas importantes, tem árvores caídas fechando as ruas. Pode ser que um semáforo quebre aqui ou ali e é preciso dirigir mais devagar e redobrar a atenção. Agora, a pressa cotidiana do paulista abre espaço para o cuidado.
Uma vez eu ouvi alguém falando algo que representa muito bem como é a cidade com as chuvas: “São Paulo é o caos em pó, basta adicionar água”.