Cozinhar é afeto e carinho
Não tem como falar de cozinha se não falar de onde eu vim
entre o aumento no número de casos e um “presidente” que só faz um desgoverno, o que tem me dado um pouco de paz e prazer nesses dias estranhos tem sido cozinhar. e agora eu passei a entender completamente o porquê de meu pai não se importar em passar horas nessa atividade quando ainda vivo, mesmo quando estava cansado ou não estava se sentia bem.
a verdade é que não tem como falar de cozinha sem falar do meu pai e da minha mãe. por exemplo, uma das últimas fotos que tirei do meu pai é uma dele na cozinha. meus pais têm muita, muita, muita influência nesse meu “novo hobby” que, verdade seja dita, já fazia parte da minha vida há muito tempo, eu que ainda não tinha dado espaço e tempo para colocar em prática.
os domingos aqui em casa sempre foram os dias especiais para a cozinha. eram os dias de fazer grandes pratos e um verdadeiro banquete. era um costume o almoço ficar pronto quase às 15h, mas tudo bem porque tudo era preparado com muito carinho e algumas caipirinhas.
lá para quarta-feira meu pai já começava a perguntar o que iríamos querer no almoço de domingo porque ele gostava de sair para comprar os ingredientes certos. ele ia no mercado dia sim e dia não — às vezes, ia todos os dias, é verdade. aos finais de semana entre os nossos passeios sempre tinha uma paradinha no mercado e o melhor dos dois mundos era quando tinha mercado dentro do shopping.
e com minha mãe vou aprendendo as técnicas e segredos da fermentação natural. ela é a rainha dos pães caseiros, massas frescas, bolos e antepastos. descendência italiana dá nisso.
com a quarentena, estamos buscando testar receitas que levem aquilo que já temos em casa e assim a criatividade vai aparecendo para mostrar que a mesmice só fica na cozinha de quem não busca referências para inovar.
aqui em casa Rita Lobo é Ritinha de tanto que já pegamos receitas dela. o que mais assistimos na TV são os programas de culinária e os chefes brasileiros são conhecidos e venerados como se fossem nossos amigos.
conheço desde nova ingredientes, pratos e preparos que sei que muitos dos meus amigos não fazem nem ideia do que são e acho essa ideia de repertório algo realmente interessante. aprendi com meus pais a prática de ir em restaurantes para experimentar receitas que depois seriam replicadas em casa, do nosso jeito. você entende como não teria como ser diferente?
eu estou amando os momentos em que fico perto das panelas experimentando sabores e processos. tenho feito macarrão, comida oriental, risotos. e já tenho separado os próximos pratos que quero fazer: polvo, arroz doce, receitas portuguesas, francesas e tantas outras.
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