bem me quero

Luiza Marques
2 min readJul 26, 2020

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@gowriters

Eu já fui muitas, eu já fui várias. Hoje sou meu lar. Pintei as paredes, reformei os cômodos, troquei alguns móveis e mudei os quadros das lembranças em cada parede. Isso porque um dia decidi ir embora. Já me perdi de mim mesma e consegui voltar. Algo que se repetiu algumas tantas vezes e sei que ainda se repetirá enquanto eu viver. Já tive medo de demonstrar meus sentimentos e fiquei num tipo de não-sei-o-que-estou-sentindo, mas sempre preferi o que é intenso. Mesmo sabendo que quando perdemos algo com grande intensidade, a queda pode ser maior. Já me culpei por querer tanta intensidade assim quando só tinha o que era morno. Em muitas vezes fui de um extremo para o outro, ora sem querer sentir e ora sentindo tanto que não cabia em mim. Falei, mostrei, provei. Hoje sou aquela que não conhece os próprios sonhos, mas tem infinitos desejos. Já fiz as pazes comigo mesma algumas vezes tal qual fosse uma amizade. E afinal, não é? Já procurei na poesia a interpretação para aquilo que sinto. Hoje procuro o amor. Nem sempre o amor romântico, mas sempre a troca de sentimentos que usamos o grande A para descrever. Já fui embora querendo ficar, perdidamente apaixona. Ou não. Não sei mais dizer porque nossa mente tem a habilidade de mudar um pouco como lembramos do passado. Sou colecionadora de experiências, pessoas e memórias. Hoje olho com carinho para o que está guardado aqui. Também já me paralisei por medo e por vezes tive coragem para ir mesmo assim. Às vezes cair de cabeça e às vezes primeiro colocar o pé para testar a temperatura da água. E a profundidade. É sempre bom testar quanto dá pé para ver se não é raso demais. Já disse que prefiro a intensidade? Já fui muitas e já aconteceu de não me reconhecer, de me perder de mim mesma. Mas voltei para ajeitar a casa porque não tem casa melhor do que nós mesmos. Você já tentou se fazer lar nos outros? Se falhou, fique tranquilo, você não está sozinho.

escrevi este texto às 4h da manhã de uma noite em que não dormi nessa última semana. numa tentativa de voltar a pegar no sono, abri o kindle e continuei a leitura de A mão esquerda de Vênus, da Fernanda Young, mas o problema foi que essa leitura me atravessou e me deixou com a cabeça fervilhando de sentimentos/pensamentos/ideias, e, bom, me deixou ainda mais acordada. FY soube ser intensa e verdadeira como poucas pessoas. pra sempre uma inspiração.

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Written by Luiza Marques

Sou jornalista e redatora, ou seja, vivo escrevendo | Assine minha newsletter: http://bit.ly/QuerConversar

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